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Pe. Pio
1. Não te importe perder, meu filho, deixa que digam o que quiserem. Temo o juízo de Deus e não o dos homens. Que o único que nos assuste seja o pecado, porque ofende a Deus e nos desonra.
2. A bondade divina não somente não rejeita as almas arrependidas, senão que vai também em busca das obstinadas.
3. Quando estejais na abjecção, fazei como o Martín pescador que constrói o seu ninho nos braços das naves; quer dizer, levantai-vos da terra, elevai-vos com o pensamento e com o coração até Deus, que é o único que nos pode consolar e nos dar força para superar santamente a prova.
4. Teu reino não está longe e Tu nos fazes participar de Teu triunfo na terra para depois nos fazeres participantes de Teu Reino no Céu. Faz que, ao não poder ter cabimento à comunicação de teu amor, prediquemos com o exemplo e com as obras a tua divina realeza. Tomai posse de nossos corações no tempo para possuí-los na eternidade. Que nunca nos retiremos de debaixo de Teu ceptro, e nem a vida nem a morte consigam separar-nos de Ti. Que nossa vida seja uma vida tirada de Ti a grandes sorvos de amor para a expandir sobre a humanidade e que nos faça morrer em cada momento para viver somente de Ti e derramar-Te em nossos corações.
5. Façamos o bem enquanto dispomos de tempo, e daremos glória a nosso Pai do Céu, nos santificaremos a nós mesmos, e daremos bom exemplo aos outros.
6. Quando não consigas avançar a grandes passos pelo caminho que conduz a Deus, contenta-te em dar pequenos passos e esperar pacientemente em ter pernas para correr, ou melhor asas para voar. Conforma-te, minha filha, com ser por agora uma pequena abelha na colmeia, que muito rápido chegará a ser uma abelha capaz de fabricar mel.
7. Humilha-te amorosamente diante de Deus e dos homens porque Deus fala a quem tem as orelhas baixas. Ama o silêncio, porque no muito falar há sempre algo de culpa. Mantém-te em retiro quanto te seja possível, porque no retiro o Senhor fala à alma livremente e a alma está em melhor situação para escutar Sua voz. Reduz tuas visitas e suporta-las cristãmente quando as façam a ti.
8. Unicamente se serve a Deus quando se serve como Ele quiser.
9. Resumindo, não filosofeis sobre vossos defeitos e tampouco repliqueis; continuai vosso caminho sem rodeios. Não. Deus não pode abandonar-vos quando vocês, não poderem permanecer firmes em vossas decisões. Que o mundo se destrua, que todo esteja em trevas, em fumo, em confusão…, mas Deus está connosco. De quê, pois, vamos a ter medo? Se Deus habita nas trevas e sobre o monte Sinai, entre relâmpagos e trovões, não devemos estar contentes sabendo que estamos perto Dele?
10. Agradece e beija docemente a mão de Deus que te bate; é sempre a mão de um Pai que te bate porque te quer bem.
11. O medo é um mal pior que o mesmo mal.
12. O duvidar é o maior insulto à divindade.
13. É através das provas que Deus une a Si as almas que ama.
14. Quem se apega à terra fica apegado a ela. É melhor desapegar-se pouco a pouco que faze-lo de golpe. Pensemos sempre no Céu.
15. Ter medo de te perderes entre os braços da divina bondade é algo mais estranho que o temor de um criança apertada entre os braços de sua mãe.
16. Ânimo, minha querida filha; tens que cultivar atentamente esse coração bem formado e não poupar nada que lhe possa ser útil para a sua felicidade. E se é certo que isso pode e deve fazer-se em toda a estação, é dizer, em toda a idade. A idade que tu tens é a mais apropriada.
17. Em suas leituras, há pouco que admirar e quase nada que edifique. É necessário de todo que, a essas leituras, acompanhe a dos livros santos (=Sagrada Escritura), tão recomendada por todos os santos padres. E eu, a quem me impelia tanto sua perfeição, não posso livrá-lo de estas leituras espirituais. Convém (se quiser obter de tais leituras tão inesperado fruto) que deponha seus preconceitos sobre o estilo e a forma com que se apresentam estes livros. Esforce-se por cumprir isso e encomende-se ao Senhor. Em tudo isto se oculta um grave engano e eu não lho posso ocultar.
18. Todas as festas da Igreja são belas… A Páscoa, sim, é a glorificação…, mas o Natal tem uma ternura, uma doçura infantil, que me conquista por inteiro o coração.
19. Tuas ternuras conquistam o meu coração e fico aprisionado por teu amor, Menino celestial. Deixa que no contacto com Teu fogo, minha alma se derreta por amor, e que Teu fogo me consuma, me abrase, me converta em cinzas aqui a Teus pés e permaneça por amor e glorifique Tua bondade e Tua caridade.
20. Pobreza, humildade, baixeza, desprezo, rodeiam ao Verbo feito carne; mas nós, na escuridão em que está envolto este Verbo feito carne, compreendemos uma coisa, ouvimos uma voz, entrevemos uma sublime verdade. Tudo isto o fizeste por amor, e não nos convidas mais que ao amor, não nos falas mais que de amor, não nos dás mais que provas de amor.
21. Maria minha Mãe, conduz-me contigo à gruta de Belém e concede-me abismar na contemplação do que, tão grande e sublime, vai a acontecer no silêncio desta grande e bela noite.
22. Jesus Menino seja a estrela que te guie através do deserto desta vida.
23. A fé também nos guia a nós. E nós, detrás de sua luz, seguiremos seguros no caminho que nos conduz a Deus, à Sua Pátria; como os santos magos, que, guiados pela estrela, símbolo da fé, chegaram ao lugar desejado.
24. Que teu entusiasmo não seja amargo nem susceptível, senão livre de todo o defeito; que seja doce, benigno, gracioso, pacifico e contente. Ah, minha boa filha, quem não vê no querido e pequenino Menino de Belém, cuja vinda nos estamos preparando, quem não vê, digo, que Seu amor pelas almas não tem comparação? Ele vem a morrer para salvar, e é tão humilde, tão doce, tão amável.
25. Vive alegre e contente, ao menos nas faculdades superiores da alma, no meio das provas nas que o Senhor te puser. Vive alegre e contente, repito, porque o anjo, que preconiza o nascimento de Nosso pequeno Salvador e Senhor, anuncia cantando e canta anunciando que Ele promulga alegria, paz, e felicidade, aos homens de boa vontade, para que não haja ninguém que ignore que, para receber a este Menino, basta ser de boa vontade.
26. Jesus desde o seu nascimento nos indica a nossa missão, que é a de desapreciar o que o mundo ama e busca.
27. Jesus chama aos pobres pastores por meio dos anjos para manifestar-se a eles. Chama aos sábios por meio de sua mesma ciência. E todos, movidos pela força interna de sua graça, correm até Ele para adorá-lo. Nos chama a todos nós com divinas inspirações e se comunica a nós com Sua graça. Quantas vezes nos chamou amorosamente também a nós? E nós com que prontidão Lhe houvemos correspondido? Meu Deus, me ruborizo e me encho de confusão ao ter que responder a esta pergunta.
28. Os mundanos, concentrados em seus negócios, vivem na escuridão e no erro, e não se preocupam de conhecer as coisas de Deus, nem pensam em sua salvação eterna, nem se cuidam de conhecer o caminho d’Aquele Messias esperado e suspirados pelas nações, profetizado e anunciado pelos profetas.
29. Quando chegue nossa última hora e cessem os batimentos de nosso coração, tudo haverá terminado para nós e também o tempo de merecer e desmerecer. Tal como nos encontre a morte, nos presentearemos a Cristo Juiz. Nossos gritos de súplica, nossas lágrimas, nossos suspiros de arrependimento, que, todavia na terra, nos haviam ganhado o coração de Deus e com a ajuda dos sacramentos nos haveriam podido mudar de pecadores a santos, em esse momento já não servem para nada; o tempo de misericórdia termina e começa o tempo da justiça.
30. É difícil fazer-se santos. Difícil mas não impossível. O caminho da perfeição é grande, como é grande a vida de cada um. O consolo é o descanso no caminho: mas, quando recuperados, há que levantar-se com solicitude e retornar o caminho.
31. A face da glória está reservada para ao que combate com valentia até o fim. Comecemos, pois, este ano, nosso santo combate. Deus nos assistirá e nos coroará com um triunfo eterno.
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